A única coisa que podes comprar e te torna mais rico, by Susana Rodrigues
As minhas primeiras palavras neste cantinho não vão ser
propriamente sobre mim, nem sobre a sua autora (a quem agradeço com muito
carinho o convite), mas sobre algo que temos em comum: a paixão pelas viagens,
ou numa palavra, fernweh:
Sempre que tenho oportunidade, faço-o. Tempo livre, algum
dinheiro no bolso, um destino novo ou repetido (porque não há uma vez igual a
outra),e boa companhia são os ingredientes suficientes para uma nova partida.
Há quem não perceba este modo de viver, que o veja como
fútil e um desperdício de dinheiro. Mas como comecei por dizer neste título, e
assim acredito, viajar torna-nos mais ricos. Além disso, já fui mordida pelo
“travel bug”, e quem o é, nunca mais perde a vontade de voltar a viajar. É
estar sempre a desejar o próximo destino, a próxima experiência. É fazer uma
lista de destinos, ver vôos, falar com os amigos…e muitas vezes ir na onda. Até
pensava ir a Londres mas um amigo viu uma promoção espetacular para
Barcelona…sigaaaa! Olé! O Big Ben fica para outra vez.
Cada viagem que começa é um misto desta “brincadeira” com
uma coisa muito séria.
Diz o meu escritor de eleição, Gonçalo Cadilhe, o
seguinte:
“Parece que as grandes partidas, as viagens épicas, as
epopeias precisam de começar com o nascer do sol – talvez para lembrar aos mais
dorminhocos que uma viagem é uma coisa muito séria, nunca ninguém regressa
igual a casa.”
Cada viagem que começo, sei à partida que me vai fazer
colocar tudo em perspetiva. Para o bem ou para o mal, tudo o que vejo e até ali
desconhecia faz-me repensar o meu mundo.
Coisas boas fazem-nos voltar com ideias novas, até projetos
inovadores, conversas entusiasmantes, uma atitude renovada e de leveza com a
vida!
Mas nem sempre é um mar de rosas, nem tudo é lindo e
nem sempre voltamos vislumbrados. Às vezes damos de frente com péssimas
condições de vida, com miúdos de 6 anos que deviam estar em casa ou a brincar
ou a estudar, a serem presos por polícias armados de metralhadoras como assisti
no Brasil. São situações que não queríamos ter visto, sentimo-nos impotentes e
com as férias estragadas. Mas ainda assim…sabem que mais? Vale a pena. Porque
faz-nos dar valor ao que temos. Antes de reclamar por perder uma manhã no
hospital para ser atendida, lembro-me de sítios por onde passei e os seus
cidadãos, pessoas iguais amim que não possam pagar um seguro de saúde caríssimo,
escusam de perder tempo na fila para as urgências porque não vão ser atendidos.
Tudo isto faz-nos sentir mais agradecidos. E por isso é tão
bom voltar ao conforto de casa.
Mal sabemos que já voltamos diferentes, porque…
“Quando viajamos não é apenas o espaço que muda, é o próprio
tempo que se altera. Entre o que éramos quando partimos e o que sentimos ser
quando regressamos, passa uma corrente de transformações pessoais, uma evolução
íntima que não corresponde ao modo normal, corrente, ao modo habitual de
crescimento espiritual dos seres humanos. Para lá do tempo físico, objetivo,
que durou a viagem, houve outra dimensão de tempo onde parte da nossa alma
andou a caminhar.” Gonçalo Cadilhe, Tournée
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The only thing you can buy that makes you richer, by Susana Rodrigues
My first words in this blog will not be strictly about me,
nor about its author ( whom I thank dearly the invitatio), but on something we
have in common: passion for travel, or in just a word - fernweh:
Whenever I get the chance , I do it. Free time, some money
in my pocket, a new destination or repeated ( because there is no time like
the other), and good company, are enough ingredients for a new departure .
Some people don't realize this way of living. They may see
it as frivolous and a waste of money. But as I began by saying in the title,
and as I believe: traveling makes us richer. I've been also bitten by the
" travel bug ", and who is bitten never loses the desire to travel again.
You'll always crave for the next destination, the next experience. You make a
list of destinations, search for great cheap flights, talk with friends ... and often you just go on
the wave. A few years I was thinking about going to London but a friend saw a spectacular
promotion for Barcelona ... "let’s goooo" ! Olé ! The Big Ben will still be there for some
other time.
Every journey that begins is a mixture of this "game
" with a very serious thing. My favorite writer, Gonçalo Cadilhe says:
" It seems that the big departures, the remarkable
travels, the epics ones, they need to start with the sunrise - perhaps to remind the more
sleepers that a trip is a very serious thing, no one ever returns the same to
its home. "
Every trip I start, I know in advance that it will make me to put
everything in perspective. For better or worst, all I'll see, that I didn’t know til
then, will make me rethink about my world.
Good things will come back to us with: new ideas, innovative designs, exciting conversations and with an attitude of lightness and
renewed with life!
But it is not always a "bed of roses". Not everything is
beautiful and sometimes we don't always return mesmerized. Sometimes we face the poor
living conditions, 6-yeasr-old kids who should be at home or playing or studying,
being arrested by police armed with machine guns, as I witnessed in Brazil.
These are situations that we didn't want to have seen. We feel helpless and
the holidays are ruined. But still ... you know what? So Worth it. Because it
makes us value what we have. Before you complain about losing a morning at the
hospital to be attended, remember that there are places with peolple just like
you that can’t afford expensive health insurance, so they have no access to
health care what so ever .
Situations like this makes us feel more grateful. And so it's so nice to come back to the comfort of home.
Hardly knowing that
we have returned different because ...
" When we travel is not just the space that changes,
it's time itself that changes. Between what we were when we started and what
we feel to be when we return, there's a current of personal transformation, an
intimate evolution that does not correspond to normal, current, the usual way
of spiritual growth of human beings. Beyond the physical time, objective,
which lasted the trip, there was another dimension of time where part of our
soul walked the walk ." Gonçalo Cadilhe,Tournée.
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